FORMAÇÃO MÉDICA NO SÉCULO XXI

Johnston S. Claiborne
Anticipating and Training the Physician of the Future:
A inteligência artificial e outras formas de tecnologia da informação estão apenas começando a mudar a prática da medicina. Espera-se que o ritmo da mudança acelere à medida que as ferramentas melhoram e as demandas por análise de um corpo de conhecimento e conjunto de dados em rápido crescimento aumentam.
Os estudantes de medicina de hoje praticarão em um mundo onde a tecnologia da informação é sofisticada e onipresente.. Neste mundo, as tarefas de memorização e análise serão menos importantes para eles como médicos em atividade.
The Importance of Caring in an Age of Artificial Intelligence
Por outro lado, os aspectos não analíticos e humanísticos da medicina - o mais importante, a arte de cuidar - continuarão sendo uma função crítica do médico, e será necessária facilidade para melhorar os sistemas de atendimento.
Comunicação, empatia, tomada de decisão compartilhada, liderança, formação de equipe, e criatividade são habilidades que continuarão a ganhar importância para os médicos. Essas habilidades devem ser priorizadas nos currículos das escolas de medicina para produzir um médico ainda mais eficaz para o futuro.

Mudanças dignas de nota na prática da medicina exigem reformas significativas na educação médica. Embora abundem as propostas para tais reformas, elas são insuficientes porque não abordam adequadamente a mudança mais fundamental
A prática da medicina está passando rapidamente da era da informação para a era da inteligência artificial.
Cada vez mais, a prática médica futura será caracterizada por: a prestação de cuidados onde quer que o paciente esteja; a prestação de cuidados por equipes de saúde recém-constituídas; o uso de uma gama crescente de dados de várias fontes e aplicativos de inteligência artificial; e a gestão hábil da interface entre a medicina e as máquinas.
Medical Education Must Move From the Information Age to the Age of Artificial Intelligence
Para serem eficazes neste ambiente, os médicos devem trabalhar no máximo de sua licença, ter conhecimento abrangendo todas as profissões de saúde e cuidados contínuos, alavancar plataformas de dados de maneira eficaz, focar na análise de resultados e melhorar o desempenho e comunicar aos pacientes o significado das probabilidades geradas por grandes quantidades de dados, dadas suas complexidades humanas únicas.
Os autores acreditam que é necessário um "reinício" da educação médica que aproveite melhor as descobertas da psicologia cognitiva e preste mais atenção ao alinhamento entre humanos e máquinas na educação e na prática.
A educação médica precisa ir além das ciências biomédicas e clínicas fundamentais. A atenção curricular sistemática deve se concentrar na organização do esforço profissional entre os profissionais de saúde, o uso de ferramentas de inteligência envolvendo grandes conjuntos de dados e aprendizado de máquina e robôs,

A novas diretrizes para formação médica devem se basear no pressuposto que; o médico não trabalhará mais sozinho, mas fará parte de uma grande equipe multidisciplinar. Essa nova diretriz deve estimular a capacidade de adaptação dos novos médicos às frequentes mudanças não só na profissão como na sociedade; fomentar o conhecimento interdisciplinar e transdisciplinar, assim como a disposição para trabalhar em equipes multidisciplinares.
A autossuficiência para incorporar novos conhecimentos; a capacidade de lidar com uma enorme quantidade de dados e conseguir exercer um pensamento crítico chegando às próprias conclusões e, o exercício do acolhimento e da humanização serão requisitos fundamentais não só para a medicina, como para todas as profissões.

Em uma época onde os algoritmos, que já detêm conhecimento sobre as informações pessoais dominando o entendimento das emoções e consequentemente conhecendo a personalidade do indivíduo, passarão a ter acesso também a seus marcadores fisiológicos, interconectando essas informações e adquirindo um conhecimento a respeito da pessoa que nenhum ser humano teve ou será capaz de ter, teremos que traçar estratégias para formar os novos médicos.
Entre essas estratégias, faz parte o aprimoramento das habilidades humanas, que são diversas daquelas que as máquinas dominarão. Se no século XX a humanização foi algo pretendido, desejável e nem sempre alcançado, no século XXI passa ser o diferencial para que a profissão médica se perpetue nesse futuro tão potencialmente promissor ou perigoso
